Shazam!
Última atualização: 11/03/2021
Aproveitando da onda nostálgica que contaminou os filmes dos últimos anos, Shazam! embarca na onda e apresenta às novas gerações o “herói menino”. O filme é surpreendentemente dirigido por David S. Samdberg, conhecido pela direção do terror Annabelle 2. O herói foi criado em 1939, por C. C. Becker e Bill Parker, e apareceu pela primeira vez na revista Whiz Comic #2.
Billy Batson (Asher Angel) é um pré-adolescente de 14 anos que vive fugindo de lares adotivos. Quando bebê, ele se perdeu de sua mãe e sua vida, desde então, gira em torno da possibilidade de reencontrá-la. Adotado por um casal que cuida de mais cinco crianças órfãs. Batson se sente preso a uma estrutura que o incomoda, pois para o garoto ter uma família só será possível quando ele estiver com sua mãe.
Paralelamente a essa história temos o Mago Shazam (Djimon Hounsou), último de sua linhagem, que aprisionou os sete pecados capitais. O Mago busca por alguém de coração puro que possa assumir seu lugar, pois sua energia está acabando e, em breve, os pecados podem se soltar e atormentar o mundo. Em sua busca por um substituto ele se depara com Thaddeus Sivana (Mark Strong) que não passa em seu teste e jura vingança.
Certamente, para quem conhece a história de origem do herói Shazam, não há o que esperar de novidades. Temos o vilão que perde a oportunidade de ser um herói e se torna amargo e vingativo, assim como o garoto que, anos depois, é achado pelo mago e se torna um herói. O vilão de Strong está para Shazam assim como Lex Luthor está para o Super-Homem. Sivana é um homem rico, psicologicamente descontado e careca. Porém, diferentemente do homem de aço – mesmo com um uniforme bem parecido -, Shazam é um jovem imaturo preso em magia, que está deslumbrado com os poderes adquiridos.
Batson criança é um jovem atormentado pelo abandono e na maioria das vezes rabugento. No entanto, ao incorporar seus poderes – pronunciando uma palavra mágica – e se tornar Shazam (Zachary Levy), é mais descontraído. Como consequência, é nesse momento de descontração e de descobertas que ele pode contar com seu fiel escudeiro, seu amigo-irmão Freddy Freeman (Jack Dylan Grazer). A dupla, em sua dinâmica e interação, proporciona ao espectador boas risadas ao mesmo tempo que reflexões sobre fraternidade e relações familiares.
Shazam! se assemelha aos clássicos de John Hughes
Em todo seu desenvolvimento, Shazam! se assemelha aos clássicos da sessão da tarde. Há momentos em que o drama chega a escorrer pieguice pela tela, ou que as piadas parecem pueris. Além disso, o vilão mantém seu cenho sempre fechado e as bestas, que materializam os pecados, parecem gárgulas mescladas com monstros que provavelmente você já viu na TV (a gula é bastante semelhante ao Geléia de Os Caça-Fantasmas).
A personalidade de cada uma das crianças são repetições dos perfis que conhecemos desses filmes oitentistas, principalmente por todos serem órfãos e passarem por algum dilema. A relação entre eles é cativante e sua união, inegavelmente, rende uma bela aventura nos moldes de Os Goonies. Essas escolhas rendem vários easter eggs ao longo da projeção.
Uma nova roupagem aos filmes da DC
Após uma série de filmes ora com fotografia excessivamente sombria, ora tentando não se assemelhar às produções Marvel, e quase sempre com efeitos questionáveis, o estúdio entendeu o que deve ser feito. Assim como Aquaman apresenta rico visual e não se leva a sério demais, Shazam! traz para si toda a descontração da inocência. De fato, não existe preocupação em manter o herói quadrado, seguindo a risca o que víamos nos filmes anteriores a Mulher-Maravilha, de tal forma que o resultado passa a sensação de que John Hughes refilmou Quero ser grande sob a ótica das HQs.
Em suma, a nova fase do DCEU pode ser marcada por Shazam!, que proporciona certa mudança no modo de fazer filme de heróis. Mostrando ao lado do homem-peixe de Momoa que um herói pode ser sério e brincalhão, sombrio e colorido, afetivo e frio. Afinal, um super-herói é composto de um pouco de tudo.
Direção: David F. Sandberg
Roteiro: Henry Gayden
Edição: Michel Aller
Fotografia: Maxime Alexandre
Design de Produção: Jennifer Spence
Trilha Sonora: Benjamin Wallfisch
Elenco: Zachary Levi, Asher Angel, Mark Strong, Jack Dylan Grazer, Adam Brody & Djimon Hounsou
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