Alerta Vermelho
Última atualização: 15/11/2021
Alerta Vermelho é um dos maiores filmes “então…” dos últimos tempos. Se você não faz a menor ideia do que é um filme “então…”, eu explico. Sabe quando você assiste a um trailer, copia o link para mandar num grupo de amigos, mas, quando pega no celular, alguém já mandou? Aquele filme que seu amigo crossfiteiro e seu amigo nerd se interessam em assistir? Aí a estreia chega, alguém do grupo vê primeiro e todo mundo pergunta “e aí?”.
Aí a resposta da pessoa começa com “então…”.
Não me entenda mal. Acima de tudo, Alerta Vermelho é exatamente o que se poderia esperar dele. De fato, a grande surpresa do filme estrelado por Dwayne Johnson, Ryan Reynolds e Gal Gadot é não ter nenhuma surpresa. Isso é ruim? Deixo para você decidir. Afinal, opinião é que nem criança: a gente defende todas, mas prefere as nossas.
Então…
Alerta Vermelho é construído em cima de dois dos subgêneros do cinema de ação mais convencionais existentes. Ele é, ao mesmo tempo, um filme de assalto e uma caça ao tesouro. E, enquanto os protagonistas entram e saem de situações de risco e passam mais da metade do tempo se traindo e trocando de lado, a trama viaja por cartões-postais da Europa.
Outro elemento do filme de Rawson Marshall Thurber (que já havia trabalhado com Dwayne Johnson em Arranha-Céu: Coragem sem Limite) é o ritmo frenético de ação. Sempre está acontecendo algo grandioso, seja uma perseguição em um museu, uma fuga de um presídio ou um assalto elaborado no meio de uma festa do crime organizado. Nesse sentido, Alerta Vermelho é mais um filme que não dá tempo para o espectador pensar sobre ele, nos sobrecarregando de acontecimentos e virando uma experiência muito mais sensorial do que intelectual.
Mas isso é ruim?
Alerta Vermelho é, principalmente, um filme preguiçoso
Eu não sou inimigo do entretenimento e, por isso mesmo, defendo filmes mais “leves”. A questão aqui não é posar de intelectual indignado, que queria um suspense psicológico conceitual-minimalista. Até porque, na maioria das vezes, os filmes recentes com essa proposta são mais pretensiosos do que bons.
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O ponto aqui é sobre preguiça. É sobre escalar Ryan Reynolds para ser o Deadpool, com piadas de metalinguagem e referências aos anos 80, Dwayne Johnson no papel do fortão refinado e Gal Gadot como a mulher perfeita, linda e boa de briga. É ter um elenco estrelado e carismático e não pedir nada deles. Pelo contrário: desejar atuações no piloto automático, com uma trama sem nenhum momento de ousadia. Até a reviravolta (óbvia) do final, como se não confiasse na capacidade de quem vê o filme, se explica com um longo flashback, como que dizendo “veja como sou inteligente” sem ser.
Dito isso, não pense que você vai odiar o filme, porque não vai. Inclusive, você vai dar algumas boas risadas. Mas, para um filme que não deixa você pensar sobre ele enquanto assiste, o único conselho que posso dar é este: não pense sobre ele depois.
Alerta Vermelho está disponível na Netflix.
Direção: Rawson Marshall Thurber
Roteiro: Rawson Marshall Thurber
Edição: Julian Clarke, Michael Sale
Fotografia: Markus Förderer
Design de Produção: Andy Nicholson
Trilha Sonora: Steve Jablonsky
Elenco: Dwayne Johnson, Ryan Reynolds, Gal Gadot, Ritu Arya, Cris Diamantopoulos