Top Gun: Maverick
Última atualização: 26/05/2022
Top Gun: Maverick, continuação do clássico de 1986, Top Gun – Ases Indomáveis, estreia nos cinemas brasileiros em 26 de maio de 2022. Nessa sequência Pete ‘Maverick’ Mitchell (Tom Cruise) continua o mesmo, apesar dos anos a mais. O que também se mantém igual é o visual do filme e isso, sem dúvidas, é maravilhoso.
Desde o início, conseguimos perceber o uso da reconstrução de sequências e rimas visuais que remontam ao filme de Tony Scott. Além disso, todo aquele clima masculino, de exaltação aos pares e naves fálicas avançando pelos céus e rompendo os limites são mantidos. Mas isso não representa um problema, pois o filme existe para afirmar que o cinema de ação feito com bons efeitos práticos ainda pode existir.
Maverick ainda atua como piloto de testes. Insubordinado desde sempre, não ascendeu profissionalmente dentro da Marinha, afinal acredita que seu lugar é ali, testando os limites dos humanos e das maravilhosas máquinas voadoras. Entretanto, Mav está perdendo espaço e a tecnologia o deixará desempregado muito em breve. Ainda que esbanje um porte físico impecável e cabelos de um quase sessentão sem um fio branco, tais características não lhe dão garantia nenhuma de que exista a possibilidade de ocupar algum lugar naquele espaço profissional.
Anteriormente, sua carreira era ameaçada pela juventude e inexperiência, atualmente por estar velho e ultrapassado… Mav, Tom e o cinema que não abusa dos recursos digitais.
Top Gun: Maverick, uma ode sobre resistir ao tempo
Parafraseando Francisco Carbone, Tom é um dos últimos sobreviventes desse cinema artesanal que parece desaparecer. Assim sendo, Top Gun: Maverick deixa para lá o espetáculo visual virtual, que vemos cotidianamente nos filmes contemporâneos, e coloca na tela uma materialidade que não foi construída por pixels. Por exemplo, as cenas de voo foram filmadas em jatos reais (F/A-18) da Marinha estadunidense, tornando as tomadas aéreas extremamente táteis.
Do mesmo modo, posso citar a montagem de Eddie Hamilton, que trabalha com Cruise desde Missão: Impossível Nação Secreta, o design de produção de Jeremy Hindle, de A Hora Mais Escura e Detroit Em Rebelião, e a fotografia de Cláudio Miranda, de O Curioso Caso de Benjamin Button e A Vida de Pi. Todo os três membros da equipe que realizou Top Gun: Maverick e os filmes citados nos permitem revirar nossa memória e entender como estas pessoas são. Profissionais que têm, cada um em sua área, o domínio de articular a criação de um bom produto usando da tecnologia tradicional em união com as novas, sendo assim artífices da sétima arte.
Um salto sem para-quedas
O prazer em assistir ao filme está não apenas no saudosismo de Top Gun, mas também, principalmente, no afeto ao cinema oitentista. Sua fotografia granulada, iluminação em cores quentes, corpos suados, tensões, tesões, ação, trilha eufórica, dramas piegas, relações de amizade sendo construídas, mantidas e reestruturadas.
Há tempos Tom Cruise encabeça os melhores projetos de ação dos últimos anos. O que o ator faz ao se dedicar à franquia Missão: Impossível demonstra o quanto a existência de filmes como os da série Top Gun são importantes para ele. Gostar e se divertir com Maverick não nos impede de pensar o porquê de Pete aparentar não ter envelhecido, enquanto Ice (Val Kilmer, em uma participação emocionante) ostenta cabelos brancos e outras características que marcam seu envelhecimento. Ou questionar a ausência de Charlie (Kelly McGillis) e a escolha de Penny (Jennifer Connely) para par romântico.
Se emocionar com Maverick passa pela memória de quem acompanhou a evolução do cinema se encantando com efeitos práticos. Efeitos que, mesmo sendo ilusórios, não são demasiadamente artificiais.
Direção: Joseph Kosinski
Roteiro: Ehren Kruger, Eric Warren Singer, Christopher McQuarrie
Edição: Eddie Hamilton
Fotografia: Claudio Miranda
Design de Produção: Jeremy Hindle
Trilha Sonora: Lorne Balfe
Elenco: Tom Cruise, Val Kilmer, Miles Teller, Jennifer Connelly, Jon Hamm
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