Os Radley
Última atualização: 27/02/2025
Particularmente, gosto quando filmes de vampiros oferecem uma nova perspectiva sobre o mito clássico. “Os Radley” (2024), dirigido por Euros Lyn, faz parte de uma tentativa de inovação ao misturar comédia sombria, drama familiar e elementos sobrenaturais. Baseado no livro homônimo de Matt Haig, o longa adapta a história de uma família de vampiros que tenta levar uma vida normal. Porém, eles acabam se vendo em uma crise inevitável quando sua filha descobre sua verdadeira natureza.
A premissa é interessante. Lembra de imediato o terrir “O que Fazemos nas Sombras” (2014), de Taika Waititi. O elenco, liderado por Damian Lewis e Kelly Macdonald, é talentoso. Contudo, “Os Radley” pode não agradar a todos. O filme, embora se distancie das expectativas de um thriller de vampiros tradicional, não assume logo de cara seu tom mais satírico. Isso pode frustrar os que esperam uma abordagem mais sombria e intensa.
Os Radley são uma família nada convencional
A trama segue Peter e Helen Radley, um casal que escolheu se abster de sua natureza vampírica e esconder esse segredo dos filhos, Clara (Bo Bragason) e Rowan (Harry Baxendale). No entanto, Clara sofre um ataque e reage instintivamente, matando seu agressor. Assim, a família se vê obrigada a lidar com as consequências desse evento. Para piorar a situação, Will, o irmão gêmeo de Peter (também interpretado por Damian Lewis), um vampiro assumido e sem restrições, reaparece para oferecer uma solução que pode colocar todos em risco.
A ideia de vampiros vivendo como cidadãos comuns já apareceu antes antes em filmes como “Deixe Ela Entrar” e “A Hora do Espanto”, mas “Os Radley” traz um olhar tipicamente britânico, repleto de ironia e humor ácido. O subúrbio onde os Radley vivem é retratado como um local de aparências e repressões, onde os segredos não se limitam apenas à sede de sangue.
O filme se apresenta como uma comédia sombria com toques de drama, mais preocupado em explorar as dinâmicas familiares do que em criar momentos de tensão genuína. Ainda assim, há boas cenas de violência gráfica, especialmente na primeira metade do longa.
Não tão marcante, mas ainda assim um filme bacana
O grande destaque vai para Damian Lewis, que interpreta os irmãos Peter e Will de maneira distinta, conferindo personalidade a ambos. Também é preciso elogiar o timing cômico de Kelly Macdonald, e a atuação, como um todo, do jovem Harry Baxendale, que vive Rowan. Aqui ele entrega uma atuação convincente como um adolescente tentando lidar não apenas com sua recém-descoberta identidade vampírica, mas também com sua sexualidade. Por outro lado, algumas escolhas narrativas enfraquecem o impacto do filme. A construção dos conflitos não gera um clímax memorável, e a sátira suburbana poderia ter sido mais afiada.
“Os Radley” pode até não ser um grande marco no gênero dos vampiros, mas ainda tem seu charme. A mistura de sátira, humor e horror leve pode agradar quem busca uma abordagem mais despretensiosa sobre o tema. No entanto, para aqueles que esperam um filme de terror intenso ou uma experiência visceral, há opções mais impactantes disponíveis. Se você gosta de histórias de vampiros com um toque diferente e aprecia a ironia do cotidiano, talvez valha a pena dar uma chance ao filme.
Ficha Técnica
Direção: Euros Lyn
Roteiro: Talitha Stevenson, Jo Brand, Matt Haig
Edição: Jamie Pearson
Fotografia: Nanu Segal
Design de Produção: Sarah Jeeneson
Trilha Sonora: Keefus Ciancia
Elenco: Damien Lewis, Kelly MacDonald, Bo Bragason, Harry Baxendale
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