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Abá e Sua Banda

Última atualização: 09/04/2025

O cinema de animação brasileiro é uma categoria particular dentre as produções nacionais. Isso acontece em razão de que boa parte do público muitas vezes se depara com uma animação nacional sem saber que se trata de um filme brasileiro, como acontece com “Abá e Sua Banda” (2024), de Humberto Avelar.

Em especial, as crianças acabam tendo seu primeiro contato com o cinema brasileiro através de histórias que, embora tenham sua boa dose de cor local, tratam de temas tão universais que poderiam ser feitas em qualquer lugar do mundo.

“Abá e Sua Banda” é um representante de peso na linhagem brasileira de animações infantis. Trata-se de um filme que une aventura, música e uma mensagem social relevante, ao mesmo tempo em que deve conseguir cativar os pequenos.

Uma história clássica com um toque brasileiro

A produção se passa no Reino de Pomar e acompanha a jornada do jovem príncipe Abá (Filipe Bragança), que sonha em se tornar músico, mas se vê obrigado a enfrentar desafios para salvar seu reino.

Desde pequeno, Abá (Filipe Bragança) convive com a perda da mãe, a rainha Nanás, e vê seu pai, rei Caxi (Mauro Ramos), perder o rumo da vida. Quando cresce, ele se disfarça de plebeu e forma uma banda com seus amigos Ana (Carol Valença) e Juca (Robson Nunes). O trio sonha em participar do Festival da Primavera, mas o vilão Don Coco ameaça os planos musicais de Abá e mesmo o próprio reino.

A trama segue um formato tradicional das animações infantis, mas o texto parece querer flertar com alguns temas maiores explorando o conflito entre tradição e inovação, o peso da responsabilidade e a importância da comunidade. A simplicidade do roteiro aqui não é um defeito, mas sim uma escolha para tornar o filme acessível ao público infanto-juvenil, permitindo que temas mais profundos sejam transmitidos de forma lúdica.

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Entretanto, ainda assim, no quesito técnico, “Abá e Sua Banda” impressiona com um visual vibrante, que mescla estilos artísticos variados. A animação brinca com texturas e técnicas que lembram aquarela, criando um universo visualmente rico e imersivo.

Igualmente, a trilha sonora é, definitivamente, um dos pontos altos da produção. Com músicas compostas por André Mehmari, Silvia Fraiha e Milton Guedes, as canções desempenham um papel fundamental na narrativa, ajudando a construir as emoções e o desenvolvimento dos personagens. São melodias cativantes que, independentemente do gosto pessoal, tem a capacidade de ficar na cabeça do espectador.

Uma reflexão disfarçada de conto de fadas

Embora seja uma animação infantil, o filme surpreende ao abordar questões importantes. Algumas delas são a preservação ambiental, a resistência coletiva contra a opressão e o embate entre tradição e inovação. O vilão Don Coco, em seus planos para tomar o poder, procura criar aquilo que os adultos chamam de “monocultura”, destruindo, assim, no processo, a floresta nativa e as abelhas. Trata-se de um claro paralelo com problemas ecológicos do mundo real.

A forma como esses temas são tratados no roteiro torna “Abá e Sua Banda” torna-o mais do que apenas uma aventura colorida. O filme se torna um veículo educativo que instiga crianças e jovens a refletirem sobre o impacto de suas escolhas e sobre a importância do coletivo para a preservação de nosso meio de vida.

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Para crianças e fãs de animação, “Abá e Sua Banda” é uma excelente escolha. Com músicas contagiantes, um universo visual encantador e uma história acessível, o filme consegue entreter ao mesmo tempo em que passa mensagens valiosas. Para o público mais velho, a simplicidade da trama pode até torná-lo previsível, mas sua beleza estética e sua proposta educativa fazem valer a experiência.

“Abá e Sua Banda” prova que a animação brasileira tem muito a oferecer. Prova também que nossas histórias podem competir em qualidade com as grandes produções internacionais.


Ficha Técnica
Abá e Sua Banda (2025) – Brasil
Direção: Humberto Avelar
Roteiro: Daniel Fraiha, Sílvia Fraiha, Sylvio Gonçalves
Trilha Sonora: André Mehmari
Elenco: Filipe Bragança, Carol Valença, Mauro Ramos, Rafael Infante, Robson Nunes, Zezé Mota

 

 

 

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