ALIEN ROMULUS DESTACADA

Alien: Romulus

Última atualização: 15/08/2024

A trajetória da franquia Alien nos cinemas possui mais baixos do que altos, embora seus altos sejam verdadeiros clássicos. Sua estreia em 1979 trouxe um terror sci-fi repleto de subtexto e significados profundos, enquanto sua sequência direta tornou a marca um marco do cinema americano ampliando seu universo e elaborando temas sutis de seu antecessor.

Depois disso, o sucesso nunca foi o mesmo. Filme após filme, parecia que algo faltava em cada produção. Fosse a intromissão do estúdio ou conflitos na visão de seus realizadores com a semiótica da franquia, algo sempre se deslocava e empalidecia as novas histórias em comparação aos dois primeiros. É com esse peso que Alien: Romulus, filme de Fede Alvarez (Evil Dead, O Homem nas Trevas) tenta se situar na história dessa franquia.

Para agradar a gregos e troianos, o filme joga no lugar seguro quanto ao tom da produção, o ancorando esteticamente (e cronologicamente) entre os dois primeiros filmes e apelando para a nolstalgia em muitos momentos. Apesar disso, diante do risco da repetição se tornar vazia, a produção faz uma curva, toma novos caminhos e surpreende ao propor novos e ambiciosos rumos na lore deste universo.

ALIEN ROMULUS

Roubando como um artista

O que Alvarez faz aqui é algo que foi muito popular na última década, bem como aquela espécie de reboot/sequência/homenagem que trouxe de volta franquias como Star Wars e Parque dos Dinossauros. Parece uma verdadeira ordem do dia na 20th Century Studios que já fez isso antes com Predador, Hellraiser e A Profecia.

Nesse tipo de produção, é preciso ser muito competente. É preciso buscar nessas frasnquias longevas o que nelas há de melhor e, feito isso, replicar com competência seus acertos e fugir de seus erros.

Romulus faz isso, abrindo mão do fan service barato em prol de referências que impactam na trama ou, se possível, na ambientação. Para um fã de longa data do universo expandido, ver elementos visuais do jogo Alien: Isolation vai fornecer a certeza de que a produção estava com os coração e os olhos na direção certa. O mesmo vale para uma olhada nos destroços da Nostromo, acenos às armas vistas no filme de James Cameron, os corredores que lembram os de Fiorina 161 e mesmo uma criatura que remete ao Newborn de Ressurection.

Tudo está aqui, e tudo parece bem encaixado onde está. Nada de grandes rompimentos ou propostas ambiciosas, mas um excelente tratamento do que é básico. Um respiro real em uma franquia que parecia perder o fôlego.

ALIEN ROMULUS

E roubando direito

É curioso que, quando olhamos em retrospecto para o fracasso e as falhas de Alien: Covenant e o comparamos com esta nova entrada, vemos que os dois filmes possuem muitas rimas em seu roteiro. Claro, essas rimas estão ali com a própria franquia, mas a comparação entre as duas produções recentes é imperativa. Um funciona, o outro nem tanto. E se Alien: Romulus funciona, é porque o elenco desempenha um papel crucial na criação de uma atmosfera de tensão e suspense. Mesmo que nem todos os personagens brilhem igualmente, Cailee Spaeny (“Priscilla”, “Guerra Civil”) se destaca como Rain.

Sua atuação transmite uma calma resoluta e uma presença marcante, que a coloca no centro da narrativa, mesmo quando os diálogos e o desenvolvimento dos personagens ao seu redor deixam um pouco a desejar. A sua capacidade de comandar a atenção, especialmente em cenas de ação intensas, reforça a ligação emocional do público com sua personagem.

ALIEN ROMULUS

Um coadjuvante que se destaca

Já David Jonsson, por outro lado, traz uma interpretação cativante como Andy, o droide companheiro de Rain. Com sua voz suave e uma ambiguidade que transmite tanto humor quanto vulnerabilidade, Jonsson consegue criar um personagem que, sendo uma máquina, ainda desperta muita empatia. As grandes viradas de Andy são particularmente impactantes, destacando o quanto o público se apega a ele, muitas vezes mais do que aos outros personagens humanos. É preciso reforçar muito como é poderoso o trabalho de Jonsson em criar uma figura que vai além do papel de mero coadjuvante.

Por fim, Alien: Romulus não apenas resgata a essência da franquia, mas também propõe novas direções que deixam os fãs empolgados para o futuro. Com atuações sólidas e uma abordagem que equilibra nostalgia com inovação, o filme se destaca como uma entrada memorável no universo de Alien. Se você é um fã da série ou apenas aprecia um bom suspense sci-fi, este é um filme que merece ser visto e discutido.


Ficha Técnica
Alien: Romulus (202) – Estados Unidos
Direção: Fede Alvarez
Roteiro: Fede Alvarez, Rodo Sayagues, Dan O’Bannon
Edição: Jake Roberts
Fotografia: Galo Olivares
Design de Produção: Naaman Marshall
Trilha Sonora: Benjamin Wallfisch
Elenco: Cailee Spaeny, David Jonsson, Archie Renaux, Isabela Merced, Spike Fearn, Aileen Wu

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