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Druk: Mais Uma rodada

Última atualização: 01/04/2021

Alcoolismo? Crise da meia idade? Druk: Mais uma Rodada, de Thomas Vinterberg vai além desses assuntos e provoca reflexões sobre a vida e as escolhas que fazemos. Martin (Mads Mikkelsen) é um professor com problemas de autoconfiança e empolgação nula.

Durante a comemoração de aniversário de um amigo, surge a conversa sobre o efeito do álcool no organismo, baseada em um estudo de Finn Skårderud sobre a carência do álcool no organismo humano. Assim, ele decidiu beber o que provoca nele mais espontaneidade e uma alegria momentânea.

Com o intuito de testar essa hipótese, de que é preciso 0,5% de álcool no organismo para suprir um déficit biológico, eles passam a beber algumas doses ao longo do dia. Os amigos encaram com descontração a ideia de realizar um experimento científico, psicólogo, tentando entender qual será o efeito do álcool se eles beberem diariamente.

Mas quem é Finn Skårderud?

Skårderud é um psiquiatra e psicoterapeuta norueguês, nascido em 1956. Após ser citado em Druk, sua pesquisa viralizou na cultura pop. Ele também é autor e crítico de cinema, arte e literatura, além de professor. Sua produção inclui artigos científicos, livros e capítulos de livros, tanto em sua área de formação quanto em cultura, cinema e literatura.

Entretanto, a teoria de Skårderud é refutada por outros pesquisadores que apontam que o homem não nasce com álcool no sangue, logo é absurdo que exista essa carência. Em entrevista para a Vice, o fisiologista Elliot Bird aponta que os dados da pesquisa parecem se basear em experimentos com animais. Desta forma, a fisiologia é um problema para obter resultados corretos. 

Bird também comenta nessa entrevista que a porcentagem, que parece pequena à primeira vista, se torna substancial se considerarmos o consumo semanal. Dessa maneira, o resultado obtido é a do consumo considerado para identificar um dependente alcoólatra. Na Inglaterra, país de Elliot, mais de 30 unidades por semana é o nível que a Saúde Pública descreveria como dependente do álcool.

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Vinterberg coloca em cena um medidor alcoólico para entendermos o quanto as doses, copos e goles representam em porcentagem e, acreditem, é muito.

Não crie expectativas, crie porcos

Voltando aos nossos personagens, o que Martin vivencia é um distanciamento da esposa e dos filhos, sendo óbvio o quanto o relacionamento familiar no qual se insere está falido. Certamente, esse problema influencia seu desenvolvimento no ambiente de trabalho e sua relação com as pessoas no entorno.

O professor é inexpressivo, sempre se encontra apático e parece não se interessar por tentar mudar. Similarmente, seus amigos apresentam sinais semelhantes, como se todos vivessem em meio a alguma crise.  Contudo, muito além de uma terminologia que enquadra pessoas de certa faixa etária em uma perspectiva, essa possível crise não é exclusividade dos homens mais velhos. em dado momento, Peter (Lars Ranthe) conversa com um aluno que apresenta instabilidade e este lhe relata suas inseguranças.

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Esses homens estão presos em vidas infelizes. São professores de jovens tão desmotivados quanto eles e lidam com uma vida frustrada, pois ela foi idealizada dentro de aspectos de ordem e perfeição que são inalcançáveis.

Druk or not druk?

Ainda que pareça uma ode a Dionísio, o filme não e uma apologia ao consumo de álcool. O roteiro de Vinterberg e Lindholm atravessa todas as reações do experimento, do melhor ao pior. Enquanto para um o teste é uma chance de reencontro com seu eu adormecido, para outros é o estopim em direção à decadência.

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A força de Druk está presente nas consequências dos anos vividos em busca de uma vida perfeita inalcançável,  de anulações e desmotivações, como se o peso dos anos e das responsabilidades da vida adulta os consumisse. Ademais, o longa aponta que existe uma necessidade maior que a de apenas existir. Afinal todos ali procuram, no álcool, estudo ou reintegração de seus laços, uma fagulha de vida.

Para além de um filme sobre o prazer ou o desgosto da bebida, em síntese, Druk demonstra em 117 minutos o quanto as cobranças externas podem afetar o desenvolver do indivíduo. Assista alugando no Google Play.


Ficha Técnica
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Druk (2020) – Dinamarca, Suécia e Países Baixos
Direção: Thomas Vinterberg
Roteiro: Thomas Vinterberg, Tobias Lindholm
Edição: Janus Billeskov Jansen, Anne Østerud
Fotografia: Sturla Barandth Grøvlen
Design de Produção: Sabine Hviid
Trilha Sonora: Leslie Ming (Coordenação Musical)
Elenco: Mads Mikkelsen, Thomas Bo Larsen, Magnus Millang, Lars Ranthe, Maria Bonnevie, Helene Reingaard Neuman

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1 comentário em “Druk: Mais Uma rodada

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