Love, Death & Robots: 2ª temporada
Última atualização: 24/05/2021
Love, Death & Robots é a prova que, com uma boa premissa e criatividade, é possível sair da mesmice e entreter.
Criatividade, palavrinha que é tão usada quando difícil de definir. Guarde ela com você um pouquinho, pois daqui a pouco vou falar sobre a importância da criatividade em uma série como Love, Death & Robots.
Um passo (e uma temporada) atrás
Quando terminei de assistir ao último episódio da segunda temporada de Love, Death & Robots, anotei no meu bloquinho: “sólida, eficiente e digna” (bastidor: uma vez que eu fecho opinião sobre uma obra, escrevo minha crítica em torno desta opinião). Mas, quando fiz um intervalo de dez minutos para ir ao banheiro e fazer um sanduíche – eu lavei as mãos antes – para voltar e escrever meu texto, percebi que havia esquecido praticamente tudo o que tinha acabado de assistir.
Você poderia dizer “mas Gustavo, isso é meio que problema seu”. E você estaria certo, afinal. Em minha defesa (e para meu choque) eu percebi que lembrava perfeitamente de quase todos os episódios da primeira temporada, que eu vi uma vez em 2019. Os fazendeiros que pilotavam mechas para se defenderem de alienígenas invasores. O artista em busca da obra definitiva. O Iogurte senciente que arrume o controle da Humanidade. Todos ali, bem mais vívidos que os episódios vistos há meia hora.
Foi quando eu percebi: minha crítica não poderia ser construída em torno da minha opinião inicial.
A criatividade em Love, Death & Robots
Definir criativiade é mais difícil do que parece. Só para exemplificar, vou usar a definição de Harold Homer Anderson, Professor e Investigador de Psicologia na Michigan State University:
Criatividade representa a emergência de algo único e original.
Sem dúvida, é difícil criar algo verdadeiramente “único” hoje em dia. Principalmente, porque pessoas estão criando todos os dias. Não parece, mas as ideias são limitadas. Assim sendo, vamos definir “único” como “uma forma diferente de apresentar algo conhecido”. Essa definição vai servir, nesse sentido, também para “original”.
A premissa de Love, Death & Robots permite a criatividade, pois é simples: histórias sobre amor, morte ou robôs. Dentro disso, os autores convidados podem falar do que quiserem.
E aí ficou claro o problema dessa segunda temporada. Embora os episódios realmente sejam “sólidos, eficientes e dignos”, faltava o frescor da novidade da primeira temporada. Assim como ouvir uma boa piada pela segunda vez não nos faz rir com a mesma intensidade.
Os bons episódio de Love, Death & Robots
Entretanto, não quero passar uma impressão equivocada. A segunda temporada de Love, Death & Robots, ainda que mais curta, com apenas oito episódios, oferece pelo menos três muito bons. E a melhor parte é que, por serem uma antologia, você pode assistir na ordem que preferir!
“Atendimento Automático ao Cliente” não só tem um texto de humor afiadíssimo como também é uma crítica ácida à nossa dependência ridiculamente excessiva de máquinas para tudo. “Pela Casa” é um conto de Natal que parece saído da cabeça de Tim Burton, mas vestindo uma roupinha da Disney. “O Gigante Afogado”, em contrapartida, usa um evento fantástico para discutir questões comuns a todos nós, como a finitude da vida.
Se é verdade que Love, Death & Robots perdeu parte da aura original em sua segunda temporada, é igualmente verdade que pode recuperá-la em uma eventual terceira. Cada episódio é uma nova chance. Assista a todos na Netflix.
Direção: Meat Dept; Robert Valley; Jennifer Yuh Nelson; Dominique Boidin, Léon Bérelle & Rémi Kozyra; Simon Otto; Elliot Dear; Alex Beaty; Tim Miller
Roteiro: Meat Dept, Tim Miller & John Scalzi; Philip Gelatt
Edição: Julian Clarke & Stephen Mulholland
Design de Produção: Kevin Van Der Meiren; Robert Valley
Trilha Sonora: Rob Cairns; Maxime Hervé; Dan Levy; Tom Holkenborg
Elenco: Nancy Linari, Ben Giroux, Arcie Madekwe, Sebastian Croft, Nolan North, Elodie Yung, Peter Franzén, Zita Hanrot, Joe Dempsie, Divi Mittal, Sami Amber, Steven Pacey e Michael B. Jordan