Oppenheimer
Última atualização: 29/07/2023
Antes de mais nada é preciso esclarecer que Oppenheimer não é uma ficção de ação ou ficção científica como os últimos filmes de Christopher Nolan. Antecipo também que se você não gostou de Tenet, mas gostou de Dunkirk, este filme provavelmente foi feito pra você.
A história do pai da bomba atômica tem a mesma densidade dramática do outro filme ambientado na guerra, do diretor. Baseado na biografia Oppenheimer: o triunfo e a tragédia do Prometheu americano de Kai Bird e Martin Sherwin, a produção traz elenco de peso, sendo protagonizado por Cillian Murphy.
Com fundo político o drama Oppenheimer reúne características dos filmes anteriores de seu realizador. A junção de tensão, efeitos especiais bem feitos e um desenho de som que potencializa a experiência do espectador, resultam em um filme articulado que apresenta não apenas as questões morais com relação a criação da bomba, como seu impacto nas pessoas envolvidas e na sociedade.
Sua majestade opulenta, Mr. Nolan
De maneira comedida, o filme apresenta tanto os assuntos espinhosos, como o espetáculo visual. Há momentos em que sobretudo as escolhas visuais se aproximam mais de uma obra de arte abstrata do que de um frame de um filme sobre a guerra ou sobre ciência e tecnologia. São linhas de energia, estrelas em erupção e explosões reproduzidas de maneira repetitiva, entrecortando o rosto e os pensamentos de Oppenheimer.
O primeiro terço do filme é confuso por apresentar atos, fatos e pessoas que só terão a devida importância mais adiante na trama. São, nesse momento inicial, muitas personagens, além de dois pontos de vista pelos quais são contados este fragmento da vida de Robert Oppenheimer. Entretanto, essas pontas soltas são ligadas à medida que a história se desenvolve.
A partir do momento que o Projeto Manhattan é instalado em Los Alamos, o ritmo da película acelera e, daí em diante, somos postos no espaço de ansiedade daqueles que tentam salvar os Estados Unidos da ameaça nazista alemã, posteriormente da ameaça japonesa.
Oppenheimer é mais um filme apenas sobre os homens
Neste ponto a quantidade de rostos conhecidos do cinema americano já extrapolou a capacidade de qualquer um de se lembrar do nome de todo seus interpretes. Benny Safdie, Josh Hartnett e Rami Malek são algumas dessas aparições. Entretanto, como sempre, Nolan não é um diretor de personagens femininas. Dessa maneira, mais uma vez aquelas que aparecem em cena são desinteressantes, dependentes e histéricas.
Ademais, Murphy e Robert Downey Jr. se destacam, entregando interpretações que devem render algum burburinho durante a temporada de premiações. Openhimmer é um filme feito para ser assistido em um bom sistema de som, afinal a trilha e o desenho de som são essenciais para a imersão na obra. Sua três horas de metragem fluem bem e ao fim o filme consegue ser interessante, bem amarrado e uma boa pedida pra tela dos cinemas.
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan, Kai Bird, Martin Sherwin
Edição: Jennifer Lame
Fotografia: Hoyte Van Hoytema
Design de Produção: Ruth De Jong
Trilha Sonora: Ludwig Göransson
Elenco: Cillian Murphy, Emily Blunt, Robert Downey Jr., Alden Ehrenreich, Kenneth Branagh, Josh Hartnett, Florence Pugh, Tom Conti
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