The Flash
Última atualização: 15/06/2023
Sempre tive em minha mente uma memória mal construída sobre um filme do Flash dos anos 90. Metade da memória era sobre a série com John Wesley Shipp e a outra metade dizia respeito ao tenebroso Justice League of America, de 1997.
Gostaria de dizer que o novo filme de despedida do DCEU – a cada novo lançamento há uma despedida, Aquaman está logo ali – suplantou em mim essas memórias distorcidas, mas estaria mentindo.
Flashpoint, de novo
A trama aqui parte de uma premissa muito reconhecida pelos fãs de quadrinhos e que agora chega ao grande público. Flash se vê diante do dilema absoluto sobre seus poderes: ele pode correr mais rápido do que a luz, voltando no tempo e evitando o assassinato de sua mãe, mas não sabe como lidar com as mudanças que isso pode desencadear no curso da História.
Trata-se da trama celebrada de uma das melhores fases do personagem nos quadrinhos, Flashpoint, já adaptada em animações, na série de TV e agora aos cinemas. E a ideia por trás dessa adaptação é tão boa que podemos nos distrair dos problemas do filme. Ninguém se importa se o Flash diz que voltou no tempo em sua batalha com o Lobo da Estepe. Até porque isso ocorre apenas na versão “Snydercut” e não no cânone do cinema.
Na verdade, esse conflito tão básico de poder consertar toda a sua vida com um único ato simples, base da trama de Flashpoint e adaptada aqui, é capaz de provocar empatia e nos ligar verdadeiramente à história. Mas, ainda assim, “o” The Flash de 2023 parece tentar com todas as forças testar e esgarçar o limite dessa interação.
The Flash é uma fugaz despedida
Seja pelo CGI exagerado e mal encaixado, as piadas que jorram em profusão e a multiplicidade de tons que vem e vão com Ezra Miller, o filme parece testar o espectador todo o tempo.
Alguns casos são compreensíveis, como por exemplo a já batida cena de salvamento em câmera lenta, que ganha ares cômicos dignos do pastelão e funciona. Mas a alusão à “Barbie Girl” em um momento de clímax nos faz perguntar o que estava acontecendo na sala de roteiro.
Mesmo os poderosos cameos, que são o ponto alto do filme, em seu final soam pálidos por seu aspecto computadorizado. Além disso, eles desviam a atenção em um momento tão crucial. Assim, The Flash se mostra uma diversão efêmera. Esta diversão é até capaz de entreter o expectador esforçado, mas desaparece como um raio de nossa memória tão logo a sessão acaba.
Direção: Andy Muschietti
Roteiro: Christina Hodson, Joby Harold
Edição: Jason Ballantine, Paul Machliss
Fotografia: Henry Braham
Design de Produção: Paul D. Austerberry
Trilha Sonora: Benjamin Wallfisch
Elenco: Ezra Miller, Michael Keaton, Sasha Calle, Michael Shannon, Ben Affleck