cruella disney plus 2021

Cruella

Última atualização: 29/05/2021

Pense o quanto quiser, mas eu duvido que você vai encontrar um vilão mais desalmado do que Cruella de Vil. OK, Michael Corleone (O Poderoso Chefão) mandou matar o irmão. Esperou a mãe morrer para mandar matar o irmão, sendo mais específico. Ainda assim, que espécie de monstro arma o sequestro de filhotes de dálmata para fazer um casaco de pele?

25 anos depois do filme responsável por ensinar uma geração que as únicas mortes imperdoáveis no cinema são as de bicho, a Disney decidiu recontar a história dessa vilã, colocando alguns tons de cinza entre o preto e o branco de seus cabelos. Funciona? Poderia ter funcionado? Vamos descobrir.

“Cruella Begins”

Cruella é um filme de origens clássico. Ao mesmo tempo, não deixa de ser um spin-off, já que é derivado das franquia 101 Dálmatas, mas não se conecta diretamente a ela.

Nesse caso, o diretor Craig Gillespie (Eu, Tonya) busca uma história original, com ligações pontuais à vilã do filme de 1996. O cabelo de duas cores, a relação com Jasper (Joel Fry) e Horace (Paul Walter Hauser), o amor pela moda e, sim, uma tentativa de explicação da “coisa” entre Cruella e dálmatas. Algumas dessas respostas são interessantes, enquanto algumas são bem forçadas.

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São assim, sobretudo, porque o esforço de Cruella é humanizar a protagonista. Torná-la, em outras palavras, “gostável”. Convenhamos, é difícil fazer a gente gostar de uma assassina de cachorrinhos. Mas o filme tenta e, com um pedaço da minha consciência dizendo “isso é errado”, devo admitir que consegue. Principalmente, por duas razões.

Figurinos e estética de videoclipe

Gillespie tem um portfólio em filme publicitário e videoclipe. Essas mídias têm uma série de códigos próprios, mas só para exemplificar, vamos ficar no mais importante: as histórias são muito mais dinâmicas e compactas, com apoio fundamental de música.

Analisando Cruella em set pieces, são várias sequências com ótimas músicas (o pagamento de royalties deve ter comido boa parte do orçamento), enquadramentos e cortes de câmera inteligentes e figurinos espetaculares. Não só pela beleza, mas também porque comunicam quem os personagens são.

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Algo interessante em filmes assim, com várias cenas que, isoladamente, são boas, é que o espectador acaba se deixando levar e não tem uma grande preocupação em juntar essas cenas boas e refletir se formam uma obra com coesão.

Dessa forma, a Cruella punk, que desafia o establishment da moda, é uma personagem “legal” o suficiente para o público se apegar. A ponto de ignorar a seção melodrama do roteiro, com a menina de origem sofrida, traumatizada com dálmatas em busca de justiça.

Cruella é Cruella? Sim, mas, na verdade, não.

A grande vilã de Cruella é a Baronesa (Emma Thompson). Surpreendentemente, porque ela se comporta como a Cruella original: implacável, vil… cruel. A Cruella de Emma Stone, com seu sotaque britânico importado do meio-oeste americano do Arizona, é uma versão caricata e justificada de si mesma. Normalmente, no momento em que um filme de origem termina, há uma conexão direta com a obra original.

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Não é o caso aqui: o filme propõe um “porque” para Cruella querer um casaco de pele de dálmatas tão pesado que até é compreensível, mas abandona a ideia porque, se fosse com ela até o fim, não seria mais um filme da Disney. Como já falamos anteriormente, algumas decisões não são artísticas, mas de marketing. E o nome “Cruella” atrai mais gente para o cinema (ou para pagar 70 reais no streaming).

Mas, afinal, estamos falando de uma personagem saída de um livro infantil dos anos 1950, que nasceu com o cabelo preto e branco. Deveríamos nos importar com estas questões? Eu, sinceramente, não me importo.

Cruella está nos cinemas e no Disney+ (exclusivo para assinantes Premier Access).


Ficha Técnica
cruella disney plus 2021
Cruella (2021) – Estados Unidos e Reino Unido
Direção: Craig Gillespie
Roteiro: Dana Fox e Tony McNamara
Edição: Tatiana S. Riegel
Fotografia: Nicolas Karakatsanis
Design de Produção: Fiona Crombie
Trilha Sonora: Nicholas Britell
Elenco: Emma Stone, Emma Thompson, Joel Fry, Paul Walter Hauser, John McCrea, Kirby Howell-Baptiste & Mark Strong

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