Aquaman
Última atualização: 20/03/2021
Vocês conhecem aquela história do rapaz de nome Arthur (Jason Momoa) que precisa tirar uma arma de uma pedra para poder assumir o reino que é seu por direito? Então, troquem a espada Excalibur pelo tridente do rei Atlan e mergulhem em Aquaman, nova aventura do universo DC/Warner
Após a expansão do universo reiniciado com O Homem de Aço (2013), chegou a vez do super-herói dos mares ter seu filme solo. Em uma trama que possui semelhanças com os demais filmes do gênero, no qual um passado traumático é o meio de descoberta/desenvolvimento dos poderes. Assim como um futuro focado na busca por identidade e reconhecimento.
Em Mulher-Maravilha (2017), as cores começaram a surgir, quebrando a atmosfera soturna que marcou tanto O Homem de Aço e Batman vs. Superman (2016). Similarmente, em Aquaman as cores fortes e a iluminação, que tanto valorizam as formas orgânicas da natureza, são elementos que diferenciam esse capítulo do DCEU (sigla simpática para Detective Comics Extended Universe) de seus anteriores.
As cores como recurso para verossimilhança de um ambiente marinho
Mesmo em sequências no mar profundo ou noturnas as cores são presentes. Ainda assim, elas dialogam com a paleta sombria e dessaturada que compõem a concepção visual dos filmes que antecedem Aquaman. Na sequência em que Aquaman chega ao fundo do oceano, a presença das águas vivas, luminosas em neon, sob o fundo do oceano profundo, de um cinza “verde-azulado”, provocam sensação semelhante àquela que sentimos ao presenciar o passeio de Jake Sully (Sam Worthington) em Pandora (Avatar, 2008).
Leve e divertido, Aquaman carrega em si uma “aura Marvel”, principalmente devida a comicidade e a aventura em meio às cores e à ação. Esses elementos entretém e divertem de maneira efetiva o espectador. De fato, as cenas de embate e perseguição engajam. Elas trazem vivacidade ao filme, logo, o fato da personagem não se importar com o título real e apenas querer se ver livre daquela missão, assim como salvar a parte terrestre, é mais um elemento responsável por essa leveza. Não é comum no universo DC um super-herói que não se importa com suas missões.
Aquaman e seu antagonistas
Nas subtramas, podemos destacar a que tem viés ecológico e aborda os danos provocados pela humanidade, por séculos, ao fundo dos oceanos. A “vingança” do mar contra a poluição e a boa relação dos atlantes com a natureza reforçam a importância da preservação do meio ambiente. Se isso fosse mais presente no discurso do Rei Orm (Patrick Wilson), ele não pareceria com uma criança mimada e preconceituosa cujo único objetivo é retirar o poder das mãos do meio irmão mestiço. No entanto, o risco de adensar muito esse diálogo com a ecologia era de apagar outros elementos do filme. O tema ocupa bem o seu espaço na obra, ora nos aspectos visuais, ora no simples fato de Arthur dialogar com os animais marinhos.
Mais uma vez, os vilões da trama não possuem atrativos para que escolhamos amá-los ou odiá-los. Nem mesmo a escolha que Aquaman faz em seu primeiro encontro com o Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II) foi suficiente para criar uma tensão palpável entre os dois. Mesmo que as lutas entre eles prezem pela coreografia e execução, para além desses aspectos técnicos não há carisma que una – ou separe – os dois. Talvez lutar contra a humanidade destruidora e poluente, ou contra o rei preconceituoso, seja mais interessante do que um vilão materializado na forma de um humano.
Aquaman é um filme longo, porém divertido
Apesar de sentir as 2h23 de projeção bem maior, a direção de James Wan é a de alguém que entende que filmes que se propõe à diversão não podem cansar o espectador. O que se sente no decorrer do longa é essa diversão ora nas ironias do protagonista ora nas viagens marinhas.
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A cena na qual Aquaman e Mera (Amber Heard) mergulham no fosso, segurando um sinalizador vermelho como fonte de luz é uma das mais belas do longa. A maneira como os seres abissais cercam a dupla, semelhante a um cardume, realiza o plano mais bonito de todo o filme. Além desse plano, temos também belíssimas paisagens. Uma delas é a chegada em Atlantis, principalmente com sua arquitetura futurista sobre a arquitetura clássica greco-romana, oriunda do império atlante pré submersão.
Riquíssimo em seu visual; cínico e cômico; divertido, Aquaman – filme e personagem – marca um novo trajeto do Universo DC/Warner. Esperamos que essas positivas mudanças permitam que o universo se expanda cada vez mais. O filme pode ser visto no Telecine Play.
Direção: James Wan
Roteiro: David Leslie Johnson-McGoldrick e Will Beall
Edição: Kirk M. Morri
Fotografia: Don Burgess
Design de Produção: Bill Brzeski & Mathew Swift
Trilha Sonora: Rupert Gregson-Williams
Elenco: Jason Momoa, Amber Heard, Willem Dafoe, Patrick Wilson, Nicole Kidman, Dolph Lundgren & Yahya, Abdul-Mateen II