‘As Meninas Superpoderosas’: cinco episódios incríveis
Última atualização: 09/03/2021
Sabe o que era mais legal em As Meninas Superpoderosas? Autoconsciência. Sempre que elogiamos uma produção de valores progressistas, dizemos algo na linha: “aborda o tema com naturalidade, como se não fosse grande coisa”.
Esse simpático desenho, por outro lado, sempre soube que era grande coisa. As Meninas Superpoderosas construía situações ao mesmo tempo engraçadas e questionadoras. E essas situações, acima de tudo, brincavam com a expectativa do público para criar comédia. Mas não só desconstruindo estereótipos dos heróis masculinos, como também escapando dos estereótipos das heroínas que só existem na ficção.
Florzinha, Lindinha e Docinho são “garotinhas perfeitas” de personalidade própria. Salvam o dia, mas do jeito delas. São empoderadas, mas aprenderam valores com o Professor Utônio, um pai solteiro que faz faxina e compras de mercado. São garotinhas que inspiram garotinhas e garotinhos.
Esta lista traz cinco episódios de As Meninas Superpoderosas que, em resumo, explicam parte da mágica da série.
O Bicho-Papão (T01-E05)
Nós éramos pequenos demais para entender a genialidade deste episódio. Além de mostrar, por meio da Lindinha, que é normal ter medo, ele faz referências ao mesmo tempo pertinentes e hilárias a Star Wars: Uma Nova Esperança.
Quando se é pequeno, ouvir que “coragem não é não ter medo, é fazer aquilo que você tem medo” faz muita diferença. Quantas vezes a vida adulta nos cobra essa mesma coragem?
A Grande Competição (T01-E07)
A chegada do Maioral faz a cidade de Townsville “virar a casaca” e eleger um novo herói oficial. Uma mistura de Super-Homem com Johnny Bravo, o Maioral é uma fraude. Mas ele é um homem, então cidadãos, prefeito e até o Professor não pensam duas vezes antes de descartarem as Meninas Superpoderosas.
Resgatar o prestígio é o desafio das Meninas. E a forma como elas conseguem isso mostra que você não precisa ser santo só porque está certo. Às vezes, a vida pede “atalhos”.
Lindinha Perversa (T01-E09)
Episódios como esse mostram como As Meninas Superpoderosas pode ser, surpreendentemente, um desenho pesado.
Chamada de “café com leite” pelas irmãs e pelo Professor, Lindinha devide testar os próprios limites. O que a princípio era uma prova de coragem vira um flerte com totalitarismos, para demonstrar como a força precisa ser temperada por compaixão para se tornar maleável e justa.
Mímica para Variar (T01-E11)
A primeira temporada de As Meninas Superpoderosas é praticamente inteira de clássicos. Este episódio ficou famoso pela música “Amor faz o mundo andar”, mas nem é o que o faz ser inesquecível.
Enquanto o vilão vai tirando as cores da cidade de Townsville, As Meninas Superpoderosas vai mudando de gênero. Deixa a cor e o calor das animações e se torna um melancólico filme mudo. A cena em que Lindinha tenta colorir a cidade com giz de cera, que por si já é triste, também é um símbolo de duas narrativas inconciliáveis. Há coisas que não funcionam sem cores.
Irmã Distorcida (T02-E11)
Elas são garotinhas perfeitas, mas ainda são garotinhas. Cansadas de combater o crime e cumprir tarefas domésticas, as Meninas Superpoderosas decidem repetir a experiência que as criou.
Em mais uma prova de quantas referências profundas a série fazia, esse episódio lembra muito O Monstro de Frankenstein (principalmente, pelo final da “irmã distorcida”).