Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes
Última atualização: 13/04/2023
Há algo de particular em Dungeons & Dragons: Honra entre Rebeldes que é preciso observar. Muito já se disse sobre a dificuldade em realizar uma adaptação de jogos eletrônicos para o cinema. A transposição de mecânicas e a perda que há no que tange à interatividade de um videogame quando é visto em uma história de forma passiva na tela.
Mas e quanto aos jogos de mesa? Já vimos séries e filmes sobre enxadristas, mas alguém se interessaria por um filme com os próprios peões e bispos como protagonistas? A nova empreitada de D&D nas telas coloca isso à prova, tentando emular o tom caótico de uma partida através de seus mais adoráveis clichês, e o que consegue é uma experiência divertida e enérgica.
De volta ao básico
Na trama, um charmoso bardo (Chris Pine) e seu bando de aventureiros embarcam em uma aventura para recuperar um artefato mágico, capaz de ressuscitar os mortos com o objetivoo de provar sua honra após cair em desgraça por um roubo que deu errado. No caminho, feiticeiros do mal e dragões são apenas alguns dos desafios que terão que superar.
Bem, é isso. Joguem seus D20 e digam suas iniciativas! A trama do filme não é mais elaborada do que um jogo de RPG no fim de semana entre amigos. E, assim como no jogo, o que temos aqui é uma trama que se sustenta no carisma e na falta de previsibilidade daquilo que pode acontecer.
Mas este não é um jogo que se constrói coletivamente, é um roteiro pensado e planejado para fazer alguns milhões de dólares. Dessa forma, não podendo verdadeiramente se perder em sua narrativa, o filme age também como um bardo como seu protagonista, distrai nossa atenção com o enredo, enquanto prepara momentos verdadeiramente surpreendentes enquanto olhamos para o outro lado. Um exemplo que resume esta estratégia é certa participação de um ato não creditado. Espetacular.
É a fórmula Marvel, mas sem a Marvel
Isso não é uma ofensa. Em 2008, a Marvel teve tanto sucesso com seu “Homem de Ferro” que, 15 anos depois, ainda não nos livramos dela. Apesar disso, o gênero de super heróis tornou-se tão comum que muito se fala hoje de uma pretensa saturação.
E certamente é verdade. Mas os tropos explorados e desenhados pela Marvel nos últimos anos se mostraram um enorme acerto. O herói nobre, malandro e charmoso; a jovem solitária, idealista e nobre; o trickster bobo e auto-sabotador; o lutador de poucos amigos mas grande coração. Tudo isso está aqui, reimaginado para um mundo que por muito tempo se pretendeu sóbrio e filosófico.
Sai a sisudez de um Senhor dos Anéis e Game of Thrones, entra o espírito jocoso de um jogo onde você pode se preparar quanto quiser, que nada mais importará caso a sorte não esteja do seu lado. E ao fim do filme, é bom perceber que a nova empreitada de D&D nos cinemas fez um teste, e foi bem sucedida.
Direção: John Francis Daley, Jonathan Goldstein
Roteiro: John Francis Daley, Jonathan Goldstein, Michael Gili
Edição: Dan Lebental
Fotografia: Barry Peterson
Design de Produção: Ray Chan
Trilha Sonora: Lorne Balfe
Elenco: Chris Pine, Michelle Rodriguez, Regé-Jean Page, Justice Smith, Sophia Lillis, Hugh Grant